sexta-feira, setembro 18, 2009

um objeto, o tato, o conjunto da obra

seus dedos escorregavam pelas páginas amareladas daquele livro. talvez ele fosse muito mais do que um conjunto de livros. num movimento cuidadoso, deixou que as folhas passassem lentamente, enquanto ela olhava de lado. pessoas de eras distintas, fatos separados por séculos, agora se misturavam pelo folhear da garota. viu nomes incomuns como Eliasibe, Uziel. viu verbos como obedecer, sacrificar, dizer. viu pequena histórias, grandes homens, viu sofrimento, viu alegria, viu canto, viu choro. nesse instante, o pensamento lhe cortou a mente como algo que nos penetra os sentidos sem deixar espaço. ali estava a sua história. não com a riqueza de detalhes como a daquelas pessoas. mas sua história estava ali, contada através de exemplos, na oração do Filho de Deus quando disse na terra: "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra;*" era mais uma experiência física com aquele objeto, não era um texto específico, era o tato. o conjunto da obra. como se ela ouvisse as vozes, como se soubesse que havia um Autor. naquela hora, foi compelida a orar. sentiu um ímpeto no coração em pedir perdão, por todas as vezes que assumiu o controle. por todas as vezes que ignorou a vontade de seu Autor e Criador. nessa hora, sua vida voltou aos trilhos e, bem lá dentro, ela soube disso.

domingo, setembro 06, 2009

sobre onde um post começa

um post começa de uma mente destraída, surpreendida por um pensamento cortante decidido a surgir. ele perpassa sua consciência, consumindo sua atenção, estabelecendo relações, formando sentenças, orações e, então, períodos. o post não surge da vontade. mas tb não surge se não houver vontade alguma. ele surge da mente atenta. de um coração aberto a experimentar o outro. ele surge da necessidade de comunicar. de colocar em palavras algo que te envolve por inteiro. escrever traz mais do que leva. traz mais entendimento, mais vida à vida. escrever une pontos, nossos pontos imperfeitos, irrelevantes, fracos, esses mesmos, depois de um pouco de pensamento, nos eleva a conhecer a pessoa que chamamos de eu. se escrever é uma arte, caberia a todos se tornarem mestres dela, não a fim de serem autores de best-sellers, mas para escreverem e enxergarem a própria história que escrevem com a própria vida. um post começa, um texto começa e é como se nunca tivesse fim, pela idas e vindas de um conhecimento próprio que se dá a todo momento durante a vida...

terça-feira, setembro 01, 2009

Sobre uma caixinha de plástico e o Fogo

"I left my heart in a plastic box / Deixei o meu coração numa caixa de plástico
on the bedside table / na mesinha de cabiceira
It will be locked till I get home. / vai ficar trancado, até que eu chegue em casa."

esses versos fazem parte da música "The Beginning" do The Classic Crime. a música tem sido um alvo de investigação pra mim.
Simplesmente não consigo captar o que ele quer dizer; talvez ele não queira se envolver tanto com as pessoas a ponto de se magoar; ou ele sinta tanta saudade de alguém que prefere deixar o coração meio que "de molho" por uns instantes. acho que qualquer hora dessas, quando eu menos esperar, vou entender melhor do que se trata. o importante é que o som deles tem me feito mt bem. e o ponto aqui é outro.
seja qual for o significado desses versos, sou levada a repensar algumas atitudes.
tenho sim procurado deixar meu coração "numa caixinha" guardado em algum lugar, longe das decepções, longe dos medos, longe da dor. sempre me ocorre o pensamento de que se eu me proteger o suficiente, não me decepcionarei como antes, não terei a dor de ver um investimento grande indo pelo ralo. aí a gente se cerca da superficialidade. já que ninguém se importou comigo quando me magoou profundamente, também não devo me importar com mais ninguém.
mas não é isso o que meu Deus pensa. e o que Ele pensa realmente importa. creio que Ele me manda amar, seja em qualquer circunstância. no fundo, não creio ser possível deixar o coração imune. o próprio trecho que citei mostra isso quando diz: "till I get home / até que eu chegue em casa".
Você sempre chega em casa, vc sempre se depara com a necessidade de "pessoas", de "amigos", ninguém habita sozinho por muito tempo. "em casa" você se dá conta do quanto é insuficiente; entende que a vida é feita de entregas, de dores, de alegrias e sorrisos que necessitam ser partilhados a fim de serem de fato experimentados.
a caixinha de plástico é muito pouco resistente.
q seja o Amor de Cristo o primeiro a romper com as reservas. a derreter o plástico. a me permitir confiar de novo. a investir de novo. a depender de novo. a caminhar junto de novo. e a entregar sempre a Ele, continuamente, sempre e sempre, qualquer acidente de percurso.